sábado, 17 de junho de 2017

Oi! Olá! Como vocês estão?
Por: Robson Caetano da Silva
 Recebi algumas respostas em relação ao texto que recebi do amigo Tom Farias, publicado por Benedita Silva falando sobre despacho, e vale ressaltar que, despacho onde há sacrifícios para exaltar Deuses africanos eram e 
continuam sendo utilizados, para agradecimento de graças alcançadas, e isso era uma pratica feita inclusive na região da Jordânia, Israel, Palestina, pelo povo Judeu, de onde temos os registros mais antigos das religiões cristãs, judaicas, e de onde vem um sincretismo gigantesco, que posteriormente se dividiu dando origem a tantas outras doutrinas.

 Por outro lado existiam sim as mães de jovens escravos que fugiam de seus feitores, donos de engenho, e que driblavam os homens da mata, que caçavam eles para tentarem devolve-los aos donos ou simplesmente abate los como caça mesmo, essa mães combinavam com seus filhos locais na mata onde seria deixado nos pratos de barro o alguidá, e que disfarçados de despachos como os de oferendas aos deuses, ou mesmo para afastar o mau, primeiro realizavam uma festa e depois se dirigiam a um ponto onde deixavam essas oferendas, mas que na verdade eram para seus filhos que, lutavam por liberdade, e que muitos dias percorreriam pela mata atlântica para encontrar um lugar seguro e montar suas aldeias de guerra chamadas de Quilombos, essa foi a estória que não considero para boi dormir, que minha Bisavó me contava, e que foi contada a ela pela minha tataravó, e minha tetravó.  
 Aqui uma resposta ao texto sobre despachos que recebi recentemente obrigado Lica Oliveira por me enviar esse texto que agora divido com vocês amigas e amigos do Antropólogo Marcelino Conti da UFF !!!
 Em meios aos ataques de racismo religioso, (as centenas  de casos de intolerância somada as centenas de leis municipais equiparando  as oferendas como   lixo, e a tentativa de criminalizar o sacrifício de animais em rituais das religiões de matriz africana) surge a estória pra boi dormir:  a “macumba” surgiu das  oferendas deixadas nas encruzilhadas para que os escravos fugitivos pudessem  se alimentar para aguentarem a fuga.
Como a estória  esta mal contada ela começa dizendo que um  “Professor Leandro”, que ninguém sabe o sobrenome, foi quem contou a grande novidade histórica, demonstrando  total desconhecimento de coisas básicas das religiões de Matriz Africana.
O Candomblé, umbanda, batuque, tambor de mina, e todas as outras ricas em diversidade, com uma  variedade de ritos e denominações locais,  combinadas com a tradição africana da qual procedem, que não podem ser generalizadas  como “macumba”.
O termo  Macumba, originariamente dá nome a uma espécie de árvore africana e também um instrumento musical utilizado em cerimônias de religiões afro-brasileiras.  Na primeira metade do século 20,  as igrejas cristãs e em especial as neopentecostais  numa estratégia de desqualificar  essas religiões   que consideravam profana,  começaram   a chama-las  genericamente de  macumba como uma forma pejorativa.
Dentro desta mesma lógica, os  despachos( trabalhos, ebós) na encruzilhada  ganharam fama de “macumba”  porque são uma das expressões mais visíveis dessas religiões fora dos templos, ilês, terreiros e roças.
As oferendas  de acordo com a “estória” contada é profana, nada tem de axé, nada tem de santo,  são homens  dando comidas pra outros homens.  tenta apagar a HISTORIA  que esses negros africanos expatriados, oriundos  de diversos pontos da África, faziam parte dos de nações, possuíam  culturas e língua propria , além, claro, das suas  divindades e formas de culto, e que trouxeram as suas crenças, as suas praticas religiosas e as receitas das oferendas, bem como os lugares que estas deveriam ser oferecidas aos orixás.
A natureza sempre foi o local  para as oferendas, as matas, florestas, cachoeira, rio, lagoa e praias,   os saberes trazidos de África ,  associava cada um dos orixás a um local, uma cor, um dia da semana e determinados tipos de comida.
As oferendas  nos caminhos e nas encruzilhadas, portanto nada tem haver com as fugas  de negros,   esses  lugares representam   simbolicamente a passagem entre dois mundos. O ponto de encontro entre o Profano e Sagrado,  é um espaço de  liminaridade, onde  não se  é uma coisa e nem outra, é  o encontro das partes, o inicio e o fim no mesmo ponto.
Essa estória da carochinha, tem  motivos subliminares, destaco um dentre outros, nos fazer  acreditar que as oferendas foram criadas por um motivo  profano, hoje  como não existem mais fugitivos,  poderemos trata-las como lixo, criminaliza-las ficará mais fácil.
Continuemos a  reverenciar aos nossos ancestrais e a nos ‘religar’ com os nossos orixás.

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