sexta-feira, 29 de julho de 2016

Vila Olímpica organismo vivo.
Por Robson Caetano Da Silva.
 Os Jogos olímpicos nos remetem a dias de paz, de muita harmonia, onde atletas se dizem adversários apenas, e onde as religiões, credos, diferenças desaparecem, onde tudo é simplesmente como deveria ser no mundo, na vila olímpica que tudo isso acontece, ah que saudade!!
 Ao longo dos anos me perguntaram sempre se existem namoros dentro da vila, e isso é claro que existe afinal ninguém é de ferro, mas existe também uma regra a ser cumprida; homens e mulheres ficam em andares separados e as áreas de convivência é que são as mais badaladas, pois lá tem as festinhas e a diversão para todos.

 O conceito de vila olímpica começou a ter mais importância depois de Los Angeles, quando UCLA, a Universidade da Califórnia de Los Angeles, se fechou para o mundo em razão do boicote imposto pelos países aliados aos americanos aos jogos de 1980 em Moscou, quando tivemos um dos momentos mais delicados dos jogos, e no boicote imposto pelos países aliados a União Soviética tivemos a sensação de faltar algo nas vilas, a beleza das Russas, o charme das Romenas, a disciplina da Alemanha Oriental, se perde muito com a falta da troca, do escambo cultural, a gente vê de pertinho como se comportam as pessoas do mundo inteiro, é dentro da vila que aprendemos e tentamos nos comunicar de verdade com outras nações, enfim.
 Durante pouco mais de 20 dias atletas do mundo inteiro se concentram neste lugar repleto de simbolismos e diferenças, bandeiras são penduradas nas sacadas, troca de pins, uma espécie de pingente que atletas levam para trocar, conhecer gente diferente, e muito diferente e se apaixonar por esse ambiente, uma cidade chamada vila olímpica.
 Os cuidados com os atletas sempre serão prioridade, afinal são os protagonistas da festa. Já tivemos o terror imposto durante o fortalecimento do capitalismo, e as diferenças religiosas que sangraram a Alemanha não em 1936, mas nos jogos de Munique em 1972 numa falha na segurança na segunda semana daqueles jogos. O que era para ser um local de amizade e respeito virou um campo de guerra e teve um desfecho trágico naquele dia 5 setembro, portanto ainda fica certo temor de uma ação covarde. Em tempos de ataques terroristas pelo mundo, é preciso cuidado de todos, uns com os outros, o Brasil não pode deixar acontecer um descuido pelo fato de tudo estar indo bem durante os jogos, e achar que a batalha esta ganha e que nada irá acontecer, temos que cuidar do nosso bem mais precioso, A VIDA; nossa e de nossos convidados nestes jogos, a covardia com quem está feliz por estar nesta confraternização pode acontecer, não estamos na cabeça destes radicais!
 Todas as nações sabem que vila olímpica nunca são testadas, a não ser que seja um dormitório de universidade como já fiquei, mas prédios feitos para uma competição como esta não, pois são entregues para descanso de milhares de dirigentes e atletas, num total de 17 mil pessoas.  Diferente dos locais de competição não tem como ser perfeita na entrega da chave, acho que a dirigente australiana exagerou, e deixou a Janeth Arcain prefeita da vila numa saia justa, e tirando a vila só o velódromo não foi testado, o que será feito durante os jogos mesmo, enfim, é  importante lembrar que chegam para se hospedar milhares de pessoas quase que ao mesmo tempo, e um problema ou outro pode surgir.
 Eu já tive problemas com estrutura de vila olímpica, uma em Caracas durante os jogos pan-americanos quando ao chegar nela para descansar, depois de horas de voo saindo de Helsinque na Finlândia após o primeiro mundial de atletismo em 1983, descobrimos que não havia, camas, e a agua sequer ia até os apartamentos, havia um cano no andar térreo onde as equipes se revezavam para o banho, e em Atlanta era tão distante o local de refeições que a turma encarou um Fast food  que ficava atrás do prédio do Brasil, e no meu caso ainda sofri um acidente com o meio de transporte que me jogou no chão, e isso a poucos dias de minha estreia na prova dos 200 metros, enfim com Canguru ou não na porta do prédio da Austrália temos uma vila olímpica recheada de jovens ávidos por intercâmbio.


 Atletas passam pela vila e sempre deixam sua marca, seja com as medalhas, com a sua cultura, ou com seu jeito peculiar de mostrar amizade, estive em 4 vilas olímpicas distintas e posso dizer que, a melhor maneira de você aproveitar é viver esse organismo vivo chamado Vila Olímpica.